terça-feira, julho 31, 2007


Estarei eu onde o tempo passa lento,
Onde se contam as horas que se repetem em cada dia,
No correr lento do meu tormento,
Uma contagem regressiva e fria.

Na esperança de continuar à procura,
Num fingir desenfreado que nunca se renova,
Num querer viver cada dia com ternura,
Ultrapassar levemente cada prova.

Não me restam as lágrimas a lamentar,
Não há desespero por abrir os olhos,
Não há um grito a sufocar,
Apenas emoções e sentidos aos molhos.

Ah, se eu pudesse... se eu pudesse apenas...

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domingo, julho 29, 2007


Passou demasiado tempo olhando para a imensidão branca que se adivinhava à sua frente. Buscou vezes sem conta os traços que sentia correr no seu sangue, mas em vão. As imagens dançavam-lhe na mente em perfeito frenesim, amontoando-se as ideias com as formas que queria talhar com os seus dedos.
Sentia a vontade dentro de si, a paixão que o invadia, o desatinar de sentimentos que queria expor, mas a imperdoável busca pela perfeição fazia com que assim permanecesse, estático, plácido, imóvel de olhar fixo no branco...
Perguntava-se se era coragem que lhe faltava para avançar, se era a falta de inspiração, se era o difícil escolha nos traços... mas o que reinava no seu ser era o medo de não conseguir espelhar o que lhe ia na alma.
O detalhe perfeito... a cor perfeita... o risco perfeito... era a busca pela perfeição que impelia aquele estado gélido imutável...
Sorriu, pegou no lápis, e traçou os primeiros risco... A perfeição é sempre algo que esta inerente à capacidade de cada um que se sente capaz de criar... e ele... sentia-se um criador...

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quinta-feira, julho 26, 2007


Eis que te escrevo a ti, oh fantasma, que do esquecido vieste tentar assombrar o meu caminho...
Eis que me surpreendi, oh fantasma, que do vazio tentas inutilmente deixar uma marca...
Eis que marca alguma poderás acrescentar, pois as que ficaram ainda não estancaram...
O tempo soberano corta o sentido da dor, o respirar da ferida, mas jamais a sua essência

Sim, passou...
Sim, encosto a cabeça nos joelhos e sei que não voltará a ser o mesmo...
Sim... mas e se?...

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segunda-feira, julho 23, 2007


Olhei-te como se me visse a mim mesmo, por entre a teimosia da escuridão da noite de sol, que nos envolvia em ternos gestos de loucura. O mundo fechou-se à nossa volta, todos se esvaneceram como o sopro do vento que perde a força.

Perderam-se os mistério em existir, o viver ou sonhar onde o caminhar se faz por si, onde sem erros nem acertos no acaso de cada passo de encontro com o respirar, se vislumbra parco perante a grandeza de te olhar.

Virei as costas às tuas já viradas, pelo medo, pelo desconforto, pelo susto, não sei... Apenas te senti novamente a fugir como tantas outras vezes.

E assim foi adiada a leveza que me traria a paz se simplesmente me olhasse e proferisses as palavras que continuas a reter dentro da tua alma.

Olhei, vi-te, mas não te revi naquele ser que em tempos idos me acariciou vezes sem conta e sabia o seu lugar no mundo...

Onde estás? Porque te perdes-te? Porque não te encontras? E principalmente porque continuo eu à tua espera?...

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quinta-feira, julho 19, 2007


Deixou cair a cabeça nas mãos, que nem uma ave ferida de encontro com a dura terra. Parou, susteve a respiração e como um gesto mecânico acendeu mais um cigarro. Procurou fugir à luz que dava vida e alimentaria temporariamente o vício. Vício este em que escondia a verdadeira razão do tão desejado gesto mecânico que vezes sem conta fazia sem ver passar o tempo.

Não levantou o olhar do chão, mas sentia o mundo que o rodeava, via as pessoas a passar, todas com o seu propósito, todas com a sua missão, outras sabia-as sentadas, no decurso de longos bancos de madeira gasta pelo tempo que ali estagnava em parcos sentidos de uma realidade alheia à sua compreensão.

Sabia-se cansado, doido, quase como morto, mas jamais ergueu o olhar do chão. Encarava antes a dura realidade com o puxar dos pulmões em gestos tremidos mas certeiros.

Uma voz longe parecia querer traze-lo de volta, mas um qualquer dialecto parecia-lhe estranho e ausente de sentido naquele momento.

Deixou o cigarro consumir-se em fumo, transbordando a cinza por onde calhou, e sem alguma vez erguer o olhar, soube que havia chegado o momento... iria começar...

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quarta-feira, julho 18, 2007

Hoje as palavras que correram num lugar sem sentido, numa folha nunca escrita, por cantos de uma alma que se sentia fazia mesmo com tanto que por ela corria, estão agora a renascer num corpo mudo.

Hoje, enfrentando medos e recantos, sentidos e sentimentos, volto a dizer que medo algum tenho em me voltar a sentir nu, e mostrar ao mundo que um dia me seguiu, do que sou feito, de que cor é o sangue que me corre nas veias.

Hoje e somente hoje entrego-me a promessas que nunca ousei proferir, e assim sendo dou de mim a dizer, que estou de volta... de onde? para onde? isso descobrirei um dia mais tarde... ou talvez não...

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terça-feira, julho 17, 2007


Uma lagrima...

Uma gota de suor da alma,
Um rasgo de chuva
Um atormentar da calma
Uma chapada de luva

Uma verdade escondida
Um olhar desconhecido
Uma fantasia perdida
Um amor amadurecido

Um sol, uma lua e uma estrela
O desejo da a possuir
E tudo mais eu daria para te-la
FS

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Naveguei contra mares e ventos
De certezas mortas
Enquanto fugia do mundo

Deixei-me levar pelos pensamentos
Desaguar num mar de infantilidade
Perdendo a razão alheia

Agora pergunto pelas montanhas
Para além da monotonia
Despido de vida e de magia

Olho para a minha sombra
Que o sol revela sem permissão
E expõe a minha verdade

Nu, despido... varrido de sentidos... como tu... como ele... como nós...

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Estarei aqui...

Até que as montanhas percam a sua altitude
Até que o vento perca o seu canto...
Até que a chuva se canse de nos regar
Até que me voltes a amar...

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onde estas?...

que não te vejo
apenas sinto ainda o cheiro do teu corpo no meu
apenas o sabor do teu beijo

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segunda-feira, julho 16, 2007


Correr como quem anda,
Viver como quem brinca na areia da praia,
Ter nos olhos o brilho do sol que nos contempla a cada acordar,
Respirar o sopro do vento,
Acariciar a terra que nos une,
Dançar sob a luz das estrelas,
Beijar a mão que nos embala,
Pular sob o rio que desatina sem parar,
Sentir a suavidade da lua,
Sorrir em frente ao reflexo,
Procurar saber ser, saber estar,
Dormir como o acordar,
Agarrar quem nos quer fugir,
Encontrar o nosso eu...

De precisamos mais para fazer nascer a felicidade?


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