domingo, julho 29, 2007


Passou demasiado tempo olhando para a imensidão branca que se adivinhava à sua frente. Buscou vezes sem conta os traços que sentia correr no seu sangue, mas em vão. As imagens dançavam-lhe na mente em perfeito frenesim, amontoando-se as ideias com as formas que queria talhar com os seus dedos.
Sentia a vontade dentro de si, a paixão que o invadia, o desatinar de sentimentos que queria expor, mas a imperdoável busca pela perfeição fazia com que assim permanecesse, estático, plácido, imóvel de olhar fixo no branco...
Perguntava-se se era coragem que lhe faltava para avançar, se era a falta de inspiração, se era o difícil escolha nos traços... mas o que reinava no seu ser era o medo de não conseguir espelhar o que lhe ia na alma.
O detalhe perfeito... a cor perfeita... o risco perfeito... era a busca pela perfeição que impelia aquele estado gélido imutável...
Sorriu, pegou no lápis, e traçou os primeiros risco... A perfeição é sempre algo que esta inerente à capacidade de cada um que se sente capaz de criar... e ele... sentia-se um criador...

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