segunda-feira, abril 02, 2007

Há tempos que não deixava correr a tinta da caneta sobre uma folha branca… Tempos estes vazios, sem corpo ou alma, sem vida, sem razão de existir, largado ao vento, sem cor própria e quebradiço como a folha da arvore que caí sob os pés do Outono em reverência e veneração para com a sua triste sina, abençoado destino que lhe rouba o sorriso e lhe trás a incerteza de querer ver o mundo novamente.
Perde-se o sentido, a vontade de saber, perdida a inocência, a lógica a razão da mente e do largo horizonte que supostamente se abre a nós e nos convida a procurar algo melhor.
Sim, já não estas cá… ou será que tas e apenas sou eu que te tento esconder em vão daquilo que sou e não quero ser?
Não, não te quero, ou será que não depende de mim te querer, e simplesmente és parte de tudo o que vi e me acompanharas até ao eterno amanha?
E este vazio? Quem o preenche? O que o completa na sua plenitude se nada cabe, nada serve, nada…
O que procura esta alma perdida de sentido? O que me servirá de consolo, de contentamento?
Será que nada?... Será que este vazio que aqui deixaste permanecerá p sempre esculpido no meu ser e na forma como respiro, como ando, como me vejo?
Sim, tenho fugido, até desta pequena e inofensiva folha de papel, tenho fugido e fingido…
Tenho querido esconder a verdade com um sorriso, a dor com uma piada, o sentimento com um sentido diferente daquele que sinto mas de tal forma inócuo e habitual que já faz parte daquilo que me tornei, talvez confortado com este triste fado, dando valor a coisas sem sentido e que podem ser criadas pelas mãos de quem trabalha.
Até onde me levará este tormento? Esta angústia desmedida que teimo em tapar em meu regaço e jamais deixo transparecer em dilúvios supérfluos de que procura um ombro amigo.
Sim sou eu… sim estou ainda aqui… à tua espera…

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